
Sono e Saúde: A Influência do Descanso na Qualidade de Vida
O sono é uma função biológica fundamental para a manutenção adequada do organismo. É durante o sono que ocorrem processos de regeneração celular e consolidação da memória, sendo essencial para a saúde física e mental. Diversos fatores podem comprometer a sua qualidade, incluindo a desregulação do ciclo circadiano, os níveis de melatonina e cortisol, bem como a exposição a ecrãs antes de dormir. As investigações científicas têm demonstrado que alterações nestes elementos podem contribuir para distúrbios do sono, afetando negativamente a saúde.
O ciclo circadiano é um mecanismo biológico que regula o ritmo de sono e vigília ao longo de 24 horas. A sua sincronização depende, sobretudo, da exposição à luz natural. Estudos demonstram que a desregulação do ciclo circadiano, como as que são causadas por horários irregulares de sono, exposição excessiva à luz artificial à noite ou no trabalho por turnos, pode aumentar significativamente o risco de doenças crónicas, como a hipertensão, diabetes e até distúrbios de saúde mental, como depressão e ansiedade. As alterações no ritmo circadiano podem levar a dificuldades em adormecer, cansaço crónico e um impacto negativo nas funções cognitivas. Pesquisas indicam que a desregulação do ciclo circadiano pode acelerar o envelhecimento celular e prejudicar o metabolismo, resultando em desequilíbrios hormonais que afetam o bem-estar geral.

Uma das principais hormonas envolvidas no ciclo circadiano é a melatonina, responsável por sinalizar ao organismo que é hora de dormir. Produzida pela glândula pineal em resposta à ausência de luz, a melatonina contribui para a indução do sono e para a sua manutenção ao longo da noite. Mas quando há uma exposição excessiva à luz artificial, especialmente à luz azul emitida pelos dispositivos eletrónicos, a produção desta hormona pode ser inibida, dificultando o início do sono e comprometendo a sua qualidade. De facto, estudos recentes confirmam que a exposição prolongada a dispositivos eletrónicos antes de dormir pode atrasar a secreção de melatonina e reduzir a qualidade do sono. Algumas pesquisas sugerem que a suplementação de melatonina pode ser útil para regular o ritmo circadiano em pessoas com dificuldades para dormir, mas o seu uso deve ser avaliado com precaução para evitar possíveis desequilíbrios hormonais. Uma das melhores estratégias continua a ser reduzir a exposição à luz artificial nas horas que antecedem o sono, além de promover um ambiente propicio ao descanso, como a utilização de luz suave e um ambiente mais tranquilo.
A exposição a ecrãs antes de dormir tornou-se uma preocupação crescente devido ao impacto que isso gera na produção de melatonina e na regulação do sono. As luzes artificiais emitidas pelos telemóveis, tablets e computadores podem afetar o ritmo circadiano, atrasando o início do sono e reduzindo a sua qualidade. Além disso, a utilização de dispositivos eletrónicos antes de dormir pode aumentar a estimulação mental, reduzindo o relaxamento necessário para um sono profundo e reparador. Apesar de algumas tecnologias recentes incluírem filtros de luz azul ou modos noturnos para minimizar estes efeitos, a melhor estratégia continua a ser reduzir o tempo de exposição a ecrãs nas horas que antecedem o sono.

A relação entre sono e a regulação hormonal não se limita à melatonina. O cortisol, que é referido como a hormona do stress, também desempenha um papel importante no equilíbrio do ciclo vigília-sono. Produzido pelas glândulas suprarrenais, o cortisol atinge níveis mais elevados pela manhã para estimular o estado de alerta e reduz-se gradualmente ao longo do dia. No entanto, quando há níveis elevados de cortisol à noite - muitas vezes devido ao stress crónico-, pode haver uma interferência no sono, resultando em dificuldades em adormecer e despertares noturnos frequentes. As técnicas de relaxamento, como meditação e respiração profunda, podem ser úteis para regular o cortisol e melhorar a qualidade do sono. Estudos têm demonstrado que a redução do cortisol, através de práticas como Mindfulness, pode contribuir significativamente para melhorar a duração e a qualidade do sono.
A alimentação desempenha um papel fundamental na qualidade do sono, influenciando diretamente a produção de neurotransmissores e hormonas essências para o ciclo vigília-sono. Nutrientes como o triptofano, que é um aminoácido presente em alimentos como banana, aveia, frutos secos (nozes, amêndoas e castanhas), peru e ovos, ajudam na produção de melatonina e serotonina, hormonas que promovem o relaxamento e facilitam o adormecer. Minerais como magnésio e potássio, encontrados em vegetais de folhas verdes escuras (couve e espinafres), sementes de abóbora e girassol, leguminosas e abacate, contribuem para a redução da tensão muscular e favorecem um sono mais profundo. Alimentos ricos em ómega-3, como salmão, sardinha e linhaça, também desempenham um papel importante na regulação dos neurotransmissores ligados ao sono.
Por outro lado, certos alimentos podem prejudicar a qualidade do sono e devem ser evitados, especialmente à noite. O consumo excessivo de cafeína, presente no café, chá preto, chá verde, refrigerantes, bebidas energéticas e chocolates, pode dificultar o adormecer, pois são estimulantes do sistema nervoso e inibem, a produção de melatonina. Alimentos ricos em açúcares refinados e ultraprocessados, como bolos, biscoitos e Fast food, podem causar picos de glicemia, interferindo na estado sono. O álcool, embora possa induzir a sonolência inicial, compromete a qualidade do sono profundo e aumenta os despertares noturnos. Além disso, refeições muito pesadas ou ricas em gorduras antes de dormir, podem dificultar a digestão e gerar desconforto, afetando negativamente o descanso. Manter uma alimentação equilibrada, priorizando alimentos que favorecem a produção de hormonas do sono e evitando aqueles que estimulam o sistema nervoso, é essencial para melhorar a qualidade do sono e evitar distúrbios como a insónia.
O sono é um processo complexo influenciado por múltiplos fatores, a adoção de hábitos saudáveis é essencial para garantir um descanso reparador. Manter uma rotina de sono regular, com horários consistentes de ir para a cama e acordar, além de reduzir a exposição à luz artificial antes de dormir e gerênciar o stress são medidas fundamentais para melhorar a qualidade do sono. Além disso, é importante adotar estratégias para apoiar a produção natural de melatonina, como a exposição à luz natural durante o dia e principalmente nas primeiras horas da manhã, e evitar ambientes excessivamente iluminados à noite.
Criar um ambiente tranquilo e relaxante para dormir, como reduzir o uso de dispositivos eletrónicos nas horas que antecedem o sono, pode resultar em uma noite de sono mais profunda e restauradora.

Deborah Peres
Coordenadora Editorial
Criadora de Conteúdo e Redação
Idealizadora do projeto Naturamente
Finalista em Naturopatia – COOPMIC Portugal
Esteticista e Cosmetologista – UNIC Brasil
Formação complementar em Coaching de Saúde e Bem-Estar: Abordagem Integrativa
Criadora de Conteúdo e Redação
Idealizadora do projeto Naturamente

Jady Firmino
Coordenadora
Revisão e Coordenação de Artigos
Tutora Geral
Naturopata – IPN Lisboa
Especialista em Modulação Intestinal e Neurodesenvolvimento Fetal
Escritora do livro infantil sobre microbiologia intestinal: Os Bichinhos do Bem
Idealizadora do projeto de educação alimentar e saúde infantil: Nutrir Gerações