A Importância da Fáscia na Medicina Tradicional Chinesa: Um Novo Entendimento

05/03/2025

A medicina tradicional chinesa (MTC) tem sido uma prática milenar que utiliza conceitos como meridianos e acupontos para promover a saúde e tratar doenças. No entanto, a base anatômica desses conceitos sempre foi um tema de debate. Recentemente, pesquisas com tecnologias de imagem médica, como tomografia computadorizada e ressonância magnética, sugerem que a rede fascial do corpo humano pode ser a base anatômica dos meridianos e acupontos da MTC. Esse novo entendimento levou ao desenvolvimento de uma teoria chamada anatomia fascial e a um campo de estudo denominado fasciaologia.

A anatomia fascial propõe que o corpo humano é composto por dois sistemas principais: o sistema de armazenamento de suporte, formado por tecidos conjuntivos não especializados, e o sistema funcional, composto por órgãos e tecidos especializados. A fasciologia, por sua vez, estuda a relação entre esses dois sistemas e como eles interagem para manter a saúde e a funcionalidade do corpo.

A rede fascial é composta por tecido conjuntivo frouxo e tecido adiposo, que fornecem um ambiente estável para as células funcionais. Durante a evolução, esses tecidos se diferenciaram em vários sistemas de órgãos, enquanto o tecido conjuntivo não específico formou uma rede de suporte que regula o estado funcional das células. Essa rede é essencial para a manutenção da vida, pois fornece suporte e energia para o sistema funcional, similar à cera de uma vela que alimenta a chama.

A fasciologia também estuda como o sistema de armazenamento de suporte influencia o sistema funcional após tratamentos médicos, como a acupuntura. A acupuntura, por exemplo, estimula a rede fascial para regular o metabolismo e as funções das células funcionais. A teoria sugere que os pontos de acupuntura são locais onde a estimulação produz fortes reações biológicas, e esses pontos estão localizados em áreas ricas em tecido conjuntivo fascial.

Além disso, a fasciologia pode explicar cientificamente os mecanismos da MTC, que muitas vezes são baseados em suposições empíricas. A teoria sugere que a estimulação dos pontos de acupuntura mobiliza as reservas de células-tronco do corpo, promovendo a regeneração celular e a cura. Isso pode explicar por que diferentes pessoas respondem de maneira variada aos tratamentos da MTC, já que a localização e a sensibilidade dos pontos de acupuntura podem diferir entre os indivíduos.

A descoberta do sistema primo-vascular, uma rede de vasos que se encontra na fáscia, também oferece novas perspectivas sobre a MTC. Esses vasos podem estar envolvidos no controle ou tratamento de tumores através da acupuntura, bem como na metástase do câncer. A presença do sistema primo-vascular na fáscia aumenta a importância da anatomia fascial como um sistema de suporte e armazenamento.

Em resumo, a anatomia fascial e a fasciologia oferecem uma nova perspectiva sobre a MTC, permitindo uma interpretação científica dos seus conceitos tradicionais. Esse novo entendimento pode levar ao desenvolvimento de terapias mais eficazes e à modernização da MTC, libertando-a dos grilhões das teorias antigas e promovendo sua aceitação no campo da medicina moderna. A pesquisa contínua nesse campo pode revelar mais sobre a importância da fáscia na saúde e na doença, abrindo caminho para novas abordagens terapêuticas e uma melhor compreensão do corpo humano.

Deborah Balthazar

Autora do Artigo

Formada em Ciências Biológicas

 Pós Graduada em Afecções da Fáscia

Pós Graduada em MTC- Acupuntura Especializada em Nutrição Ortomolecular e Saúde Integrativa

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